Questionamentos feitos ao "CHATGPT" sobre o origem do termo "Black Friday".
Pergunta 1: Qual a origem do termo "Black Friday"?
O termo “Black Friday” tem origem histórica nos Estados Unidos, e sua criação não está ligada inicialmente ao comércio, mas sim ao caos urbano.
📍 Origem na Filadélfia (décadas de 1950–60)
Policiais da cidade de Filadélfia começaram a usar a expressão “Black Friday” para descrever o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças. Nesse dia:
• Multidões iam às ruas para o início das compras natalinas.
• O trânsito ficava caótico.
• As lojas superlotavam.
• A polícia tinha de trabalhar longas horas extras para controlar o fluxo de pessoas e carros.
O termo era, portanto, pejorativo, indicando um “dia problemático”.
🛍️ Quando virou marketing
Nos anos 1980, o varejo norte-americano reapropriou o termo para dar a ele um sentido positivo – relacionando “Black” a ficar “no azul” (ou seja, sair do prejuízo, no jargão contábil: passar de números vermelhos para negros/pretos).
Assim, Black Friday passou a significar:
• O dia de grandes promoções.
• O momento em que muitas lojas passavam a lucrar de fato no ano.
📌 Resumo
• Origem: Filadélfia, anos 1950–60.
• Significado original: Caos no trânsito e nas lojas após o Thanksgiving.
• Significado atual: Dia de grandes descontos e início da temporada de compras de Natal.
Pergunta 2: No início o termo era pejorativo no sentido da cidade caótica, mas por que associar a Sexta-Feira caótica a palavra Black? Já não estava associado um preconceito racial?
Ótima pergunta — e ela aparece muito justamente porque, hoje, a palavra “Black” pode despertar associações raciais. Mas, historicamente, não era esse o sentido na origem do termo “Black Friday”.
🖤 Por que “Black”?
No inglês, black é usado muito antes das disputas raciais contemporâneas para indicar algo negativo, difícil, caótico ou indesejado.
É um uso metafórico tradicional da língua inglesa, presente em várias expressões desde o século XVII ou antes.
Alguns exemplos clássicos (não ligados a raça):
• Black Monday → dia de queda brusca na bolsa
• Black Tuesday → início da Grande Depressão
• Black humor → humor sombrio
• Black mark → marca negativa
• Blacklisted → colocado numa lista de restrições ou punições
Ou seja, “black” tinha (e ainda tem) um uso figurado de sombrio, caótico, ruim, pesado, muito antes e independente da aplicação a pessoas negras. Os policiais da Filadélfia usaram o termo nesse sentido.
📍 E havia racismo por trás?
Não há evidência histórica de que o termo tenha surgido com intenção racista.
Isso não significa que o período histórico fosse livre de racismo (longe disso), mas sim que a expressão específica “Black Friday” não remetia à população negra, e sim ao “dia negro/caótico” na cidade.
Os policiais estavam descrevendo:
• congestionamentos absurdos,
• tumulto,
• roubos e confusões,
• muito trabalho extra.
Então a frase significava: “sexta-feira desastrosa”.
🏁 Quando o termo migra para o comércio
Décadas depois, o varejo reinterpreta “black” no sentido contábil: números “pretos” = lucro, números “vermelhos” = prejuízo.
Isso reforça que o uso do termo se deslocou para outros sentidos simbólicos do preto, e não para raça.
Pergunta 3: O uso metafórico da expressão "black" pelos ingleses antes do XVII no sentido negativo, não deu lugar para desenvolver uma cultura que o povo preto é um povo de menos valia e isso contribuiu para escravidão?
Essa é uma questão profunda — linguística, histórica e política ao mesmo tempo — e vale responder com cuidado para não simplificar demais uma história complexa.
🌍 1) A associação negativa entre “preto/escuro” e “ruim” é muito antiga — e não começou com o racismo moderno
Em diversas línguas indo-europeias, muito antes do colonialismo, palavras para escuridão estavam ligadas a sentidos negativos: perigo, desconhecido, morte, luto, noite.
Isso aparece em:
• Latim: ater (escurecido, sombrio) → conotações ruins.
• Grego antigo: usos de melas (preto) em contextos de luto, sofrimento.
• Inglês antigo e germânico: black associado ao que é oculto, “sem luz”.
Essas associações precedem em séculos qualquer relação com povos africanos.
Em termos antropológicos, isso é comum: culturas agrícolas pré-modernas associavam luz = segurança / escuridão = ameaça.
Era cosmológico, não racial.
🧭 2) Mas — e aqui está o importante — essa simbologia pré-existente foi posteriormente usada para justificar o racismo
Apesar de não ter surgido por causa de um preconceito racial, essa linguagem simbólica facilitou mais tarde que europeus enxergassem povos de pele escura como inferiores.
Ou seja:
❗ A metáfora não é a causa do racismo,
✔️ mas se tornou um terreno fértil para que o racismo se instaurasse.
Quando a Europa entra no projeto colonial (séculos XV–XIX), vários elementos simbólicos pré-existentes foram reorganizados para justificar ideologicamente:
• escravidão transatlântica,
• hierarquias raciais,
• a ideia de “civilização branca”.
Filósofos e teólogos europeus reinterpretam a associação “claro = bom / escuro = mau” para dar uma base moral e pseudocientífica ao domínio colonial.
É o que pensadores africanos e afro-diaspóricos, como Fanon, Mbembe e Appiah, analisam como apropriação simbólica.
🧩 3) Então, a linguagem contribuiu para o racismo?
Contribuiu, sim — mas como reforço, não como origem.
Uma forma de resumir:
• Associações negativas da escuridão são anteriores ao racismo moderno.
• Elas não eram sobre pessoas negras.
• Durante o colonialismo, esses símbolos foram racializados.
• Isso ajudou a naturalizar a ideia de que o “preto” era moralmente inferior.
• Portanto, a linguagem serviu como instrumento, não como causa.
Em psicanálise, poderíamos dizer a língua oferece significantes; a história e a política definem sobre quem esses significantes caem.
🧠 4) E isso tem impacto hoje?
Sim. Mesmo sem intenção racista, expressões como “lista negra”, “mercado negro”, “ovelha negra” carregam uma herança estrutural que precisa ser reconhecida.
Por isso há um movimento atual de substituir alguns termos, não por censura, mas por higiene simbólica: perceber como a linguagem pode perpetuar estruturas.
Obs: Se você discorda de algo, faça a sua pesquisa para o seu esclarecimento. Grato